28 janeiro 2006

Deu-me para pensar na vida e nos sonhos



Ontem susurraram-me...daquelas coisas que não se querem ouvir.
O sussuro tornou-se insuportavel.

Tiniu por séculos (que às vezes também os sentimos, não interessam os 24 anos)
E voltou, espreitou, sempre que não queria ouvir.
É constante dizer, incessantemente até,
Que quero amar as coisas pequenas.
Mas lá me vou esquecendo delas, das pessoas e de bons sussurros...
Não quero voltar a lembrar-me de tudo isso,
Quando a memória me falha segundos longos
Do que me faz viver,
Apenas quando aqueles sussuros outros
Me cortam o silêncio liso.
Estremeço estupidamente perante o que é real.
(Tudo é real).
Quero repetir até à surdez e entontecimento dos sentidos
Que quero amar sem ser preciso lembrar.

Quero abraçar em abraço longo e surdo
Tudo o que me é e me faz Ser.
Não seja mais o esquecimento!
Sonha, vive, ama, corre, tropeça,
Ri de tropeçar, em gargalhadas sonoras,
Lembra, acredita, SÊ!

É só a vida... e os sonhos...que não sei qual implica o quê... ou qual nasceu primeiro...
Não interessa...

20 janeiro 2006

Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!"

José Régio

Pintura de Luis Royo

17 janeiro 2006

kicked in the nuts


Hum...como é que eu vou começar este post...
Hoje um amigo telefonou a agradecer a mensagem de parabéns...conversa puxa conversa...disse-me para visitar o site de paintball cá da terra...e vai daí...conta ainda que da última vez que jogou...atiraram a matar...ao...à...hum...pronto...aquilo ficou mau (a esposa que o diga) e...eu quiz ser solidária de alguma forma. E quando eu pensava que já tinha visto de tudo...pimba! Nem de propósito. Estes americanos fazem de tudo, até um programa para apoiar o RC. Pois então aqui fica...
(aos meninos, aconselha-se a presença de alguém amigo para se apoiarem mutuamente...até eu me inclinei várias vezes)

http://media.putfile.com/Kicked-in-the-Nuts

14 janeiro 2006

sexta feira 13

ok ok! Eu sei...foi ontem. Se calhar foi por isso mesmo que não consegui entrar no blog, nem em lado nenhum.
Fiquei sem net, o computador está todo minado! Teve que ser formatado hoje (por mim era à marretada, mas tudo bem...mania de ser meigo com as tecnologias).
Estragou-me o raio do post! Arrgghhhh!

06 janeiro 2006

mais uma lição

Mais uma aula...
Tenho plena consciência, agora, de que verdadeiramente se aprende quando se ensina.
O que me parecia bastante simples até há pouco tempo, revela-se agora um pouco mais complicado quando me debruço até ao nível dos miúdos.
Passo uma aula a batalhar em algo que me parece tão óbvio sem ver resultados imediatos, mesmo no que seria de esperar mandarem-me um "dah!" dos deles lol.
Ponho-me a pensar (alguém me disse um dia para procurar naquilo que vem ao meu encontro todos os dias, quando se lida com as pessoas, lições para outras coisas da vida, sem ser realmente esse acontecimento em si. Ou seja, aplicar as minhas experiências em determinados aspectos da minha vida a outros momentos, a outras fases, a outros aspectos)...
Somos bastante impacientes com os outros. Partimos do principio de que a nossa realidade faz todo o sentido e parece-nos bastante estranho que os outros não a compreendam! É óbvia, é adquirida...
Falo por mim....sou uma pessoa com um génio daqueles lol por vezes irrito-me a mim mesma, sou bastante impaciente em aspectos do dia-a-dia e curiosamente noutros aspectos sou paciente demais, tento compreender, dar o benefício da dúvida, tento por-me na situação dos outros...e tentar perceber alguma coisa. Nem sempre acontece, é certo...mas lá vou aceitando. Nas coisas mais banais e estúpidas (sei lá...interromperem-me quando falo, baterem-me a porta do carro com força (tipo porta de algum friforífico!), insistirem para que fique quando quero ir, perguntas triviais para meterem conversa quando estou a fazer planificações ou relatórios, etc, etc, etc)
Irrita-me as pessoas quererem saber mais do que eu da minha vida, quando no fundo sei que na maior parte das vezes só querem o meu bem, sem me quererem prejudicar ou magoar de alguma forma...aplicam as suas experiências e...dão sugestões... Mas há coisas que tenho como minhas, essa tal realidade que me parece óbvia e escancarada ao resto do mundo....
Ai ai ai ai...Ovelha... ainda tens muito muito que aprender...
Vou levando a vida devagar...e aprendendo se possível...
Agora apetece-me espreguiçar o pensamento e deixar-me cair na mais completa pachorra mental! Pegar nas coisas mais pequenas...e andar por aí, deitada de papo ao ar, a visitar o que aparecer.

01 janeiro 2006

Escrever-te

Pintura de Luis Royo

Poderia talvez "escrever-te",
De palavras que não dizem nada...
Quero dizer-te com as que dizem menos.
Dizem menos aos outros,
Se são tuas por dentro e por fora.
Não quero que façam sentido
A outras vozes, a outros olhares,
A este ou a outro sem sentido,
Porque as esculpi para ti.
Com desenhos toscos
De quem, por brincadeira inocente quase,
Experimenta sentidos.
De alquimias já faladas, já discutidas
Daquelas impossíveis...não te posso escrever.
Não te defino, não te comparo,
Não te sei nem conheço...
Nasces todos os dias, como todo o sol o faz,
Que para mim não é o mesmo,
E amo todos os dias mais um pouco,
Por certo de forma diferente.
Esta é a palavra maior que te posso suspirar...
E está por entre fórmulas que aqui te escrevo.

("you and I collide...")

...Kinhas...